Olá. Escrevo hoje para responder a um desafio do Professor António Pacheco. E para escrever é preciso tema. E temas, há muitos... Há é falta de argumentos para os temas... Enfim, é melhor deixar-me de trocadilhos.
Hoje apetece-me falar de José Afonso (mais comummente conhecido como
Zeca Afonso). E ao falar deste artista bem conhecido é quase impossível dissociar da "carga" de
cantor de intervenção que ele carrega. E isso, no meu entender, estraga a relação do público (do GRANDE público), com a obra do autor e cantor. Diria que esse rótulo que lhe aplicaram é como uma "barreira" ou pior, um "vírus" que dificulta o acesso à sua obra.
Eu posso dizer que já ouvi e continuo a ouvir muitos autores, muitos estilos, muitas formas de música, mas José Afonso era para mim a "Grândola Vila Morena" e muito pouco mais...
Agora que fez 20 anos que faleceu, e que muita gente se tem lembrado do Zeca, também eu quiz experimentar, e dei-me ao trabalho de ouvir a sua música, preenchendo uma lacuna nos meus ouvidos.
Fiquei
muito supreendido. Senti o sabor do nosso povo na sua voz, nas suas melodias e nos instrumentos populares que utiliza. Senti uma veia poética como não vejo em língua portuguesa! Tenho mesmo que admitir uma coisa: é saboroso ouvir cantar português assim!
Parece que não fui só eu a sentir estas novas emoções musicais e há muita gente nova (independentemente da idade) a contactar com a música do Zeca. Vejo com
muita alegria um seu CD duplo nos
tops nacionais, bem à beira de outros nomes bem menos apretechados em qualidade mas que qualquer sopeira (sem qualquer sentido depreciativo) bem conhece - e até adora...
Descobri que, afinal, Zeca Afonso era muito mais do que a famosa "Grândola Vila Morena": descobri mesmo que são dele muitas daquelas melodias que me acompanharam toda a minha vida e que, sem dar por ela, estou sempre a trautear em surdina.
Fiquei
feliz por ter o Zeca no meu coração, mas não sabia. E fico feliz por saber que tem estado a chegar a mais pessoas como eu. E, finalmente, fico feliz por poder ser veículo do trabalho do Zeca, ao cantar com o Coro dos Pais dos Alunos do Conservatório.
Para acabar, só gostaria de lançar este desafio ao leitor destas letras: Sem qualquer preconceito experimente ouvir Zeca Afonso. Pode ser que dê por si a gostar...
Obrigado José Afonso. Sinto a tua falta.