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terça-feira, 31 de outubro de 2006

A Cultura

1.1- Cultura

Cultura provem do verbo latino «colere», que designa o facto de cultivar a terra.
Até ao século XV esta expressão serviu exclusivamente para designar o trabalho da terra. Só nos finais do século XIX é que o termo assume o sentido que hoje se lhe dá em Antropologia Cultural e em Sociologia, embora continue como um dos conceitos mais difíceis de tratar.

1.2- Noção de cultura

No sentido corrente designa o conhecimento das obras do espírito: literatura, música, pintura, etc. Neste sentido a cultura está desigualmente distribuída. Certas sociedades ou certas pessoas teriam cultura, enquanto outras não a teriam ou apenas teriam pouca. O termo corrente encontra-se carregado com uma forte conotação etnocêntrica.
No segundo sentido, em Antropologia e Sociologia, tem um significado simultaneamente mais amplo e mais «neutro». Designa o conjunto das actividades, das crenças e das práticas comuns a uma sociedade ou a um grupo social particular. Depois de 1871, o antropólogo Tyler definia a cultura como «um conjunto complexo que compreende os conhecimentos, as crenças, a arte, o direito, a moral, os costumes e todas as outras aptidões e hábitos que o homem, enquanto membro de uma sociedade adquire»[1]. A cultura corresponde, portanto, a um domínio muito vasto, uma vez que ela abrange praticamente todas as actividades criadas pelo homem.

1.3- Definição de cultura

Cultura é educação, educação é cultura.
Cultura é o processo de transformação operado pela sociedade na conduta do homem, em ordem a dotá-lo de maiores possibilidades no que diz respeito à consecução de um nível maior de adaptação e aproveitamento do meio. A cultura é tudo o que o homem adquire ao longo do tempo, em contacto com o meio social, e que transmite às gerações vindouras. Constitui elemento precioso na medida em que lhe prolonga e amplia os magros recursos com que a natureza o dotou, permitindo-lhe sair mais vitorioso da luta a travar com o meio, no intuito de o dominar e transformar.


1.4- A Família como fenómeno cultural

«A família é um grupo caracterizado pela residência comum e pela cooperação de adultos dos dois sexos e dos filhos que eles geraram ou adoptaram» (Robert Murdock, 1949)[2].
A família é uma instituição presente em todas as sociedades humanas e representa um papel fundamental na educação dos seus filhos. Os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos filhos e os principais interessados pelo seu bem estar e crescimento saudáveis. No Jardim de Infância o diálogo entre pais e Educadores é fundamental, permite conhecer e compreender melhor a criança. A troca de informação e o encontro no dia a dia são indispensáveis para a articulação entre o Jardim de Infância e a família. Num clima de relação aberta, pais e educadores constroem um espaço de confiança, condição essencial para uma acção educativa participada.
Não é só, obviamente, no Jardim de Infância que esta relação cooperante se deve verificar. É aqui que ela começa e que se deve prolongar durante toda a escolaridade – quiçá toda a vida – tal é a importância da colaboração da família no processo educativo. A escola hoje é uma comunidade educativa. A família deve colaborar no processo educativo do seu educando, cooperando em actividades, acompanhando o seu desenvolvimento escolar e participando nos seus órgãos representativos e associativos.
A família reveste-se de formas e preenche-se de funções extremamente variáveis no tempo e, para uma mesma época, de sociedade para sociedade. A família é, portanto, um fenómeno essencialmente cultural.


[1] Dicionário de Sociologia (1997, p. 93).
[2] Dicionário de Sociologia (1997, p. 164).

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Em torno de currículo

1- O Currículo

Currículo provém do termo latino «curriculum» que significa atalho, percurso, desvio, curso.

1.2- Noção de currículo

Currículo, em pedagogia, é entendido de várias formas:
1- Conjunto de disciplinas;
2- Programas das disciplinas;
3- Plano de estudos;
4- Objectivos a atingir;
5- Tudo o que acontece na escola;
6- Curso.
A escola tem uma função social muito grande. O currículo não pode ficar restringido ao cumprimento de um determinado programa decretado pelo Ministério da Educação. Por isso, todas as actividades programadas pela escola, ou na escola, que tragam momentos de aprendizagens para os alunos são benéficas…são currículo! «O currículo é tudo o que acontece na escola»! (Freitas, 2005)[1]
O currículo tem uma base cultural – é sempre uma selecção de um povo, sempre em evolução mas mantendo necessariamente ligações às raízes.

1.3- Definições de currículo
«Conjunto de aprendizagens socialmente necessárias que à escola cabe garantir» (Roldão, 1997).[2]
«Currículo, curso de vida trilhado durante a educação escolar e universitária, seja no interior das instituições de ensino seja fora delas, mas sempre sob sua orientação ou influência. Currículo é, pois, processo de formação, em que, ao aprender conhecimentos significativos produzidos pela humanidade, assim como os meios de a eles se chegar, ao aprender valores e atitudes, vai-se também aprendendo a ser cidadã/ão, fortalecendo a identidade própria» (Silva, 2005).

«Currículo é um conceito passível de múltiplas interpretações no que se refere e quanto aos inúmeros modos e variadas perspectivas acerca da sua construção e desenvolvimento (Apple, 1997; Carrilho Ribeiro, 1990). Mas, se procurarmos defini-lo diacronicamente, no quadro histórico-cultural da relação da escola com a sociedade, então podemos dizer que currículo é – em qualquer circunstâncias o conjunto de aprendizagens que, por se considerarem socialmente necessárias num dado tempo e contexto, cabe à escola garantir e organizar.
O que se considera desejável varia, as necessidades sociais e económicas variam, os valores variam, as ideologias sociais e educativas variam e/ou conflituam num mesmo tempo – e o currículo escolar corporiza, ao longo dos tempos e em cada contexto, essa conflitualidade. Por sua vez, também contribui para, e interage com, essas várias forças, e dá-lhes forma ao instituir em cânones determinadas aprendizagens e práticas.
(…) torna-se claro que os programas nacionais que todos conhecemos, aprendemos e ensinámos, enquadrados no funcionamento uniforme da escola e do sistema que é o nosso, constituem currículo e corporizam uma determinada forma de o gerir, adequada às finalidades de um longo período da história da escolas e dos sistemas.
Esse currículo, concebido como um conjunto de programas nacionais universais - largamente dominante ainda no contexto do sistema português e não só – começa, contudo, claramente, a não dar resposta às necessidades sociais actuais e sobretudo futuras. Por isso estamos a viver a tão falada mudança. (…) O que importa é saber que mudança estamos a atravessar…
(…) A mudança que as nossas sociedades estão actualmente a viver, no plano educacional, enquadra-se numa dinâmica conjuntural… Esta mudança é caracterizada pela pressão social sobre a escola no sentido de, mais uma vez, ajustar/reconstruir o seu currículo e o modo de o gerir, na tentativa, historicamente sempre repetida, de ajustar a adequação da oferta às necessidades».[3]
[1] Aula do dia 30 de Setembro.
[2] ME-DEB (1999, p. 2).
[3] ME-DEB (1999, pp. 24-25).

1.4- A oferta da escola…
O currículo é, por outras palavras, a oferta da escola ou aquilo que ela proporciona oferecer. E é bom que ofereça sempre e muito de acordo com o seu projecto educativo, tendo em conta o meio geográfico, sócio – cultural, económico e político (Pacheco, A., 2005). A escola é antes do mais o lugar das aprendizagens elementares. A tudo isto, acrescenta-se a transmissão de uma cultura que procura simultaneamente ter em conta as várias culturas e ensinar normas e valores comuns a uma determinada sociedade. Contribui para a redução das desigualdades sociais e é o ascensor social das sociedades meritocráticas.
A escola é o melhor lugar logo a seguir à família, por isso, o currículo convém que seja rico e apelativo.

Publicado no blog, Domingo, Outubro 09, 2005

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Celebrar a Música com palavras...

Diferente!
Foi desta forma que o Conservatório do Vale do Sousa comemorou o Dia Mundial da Música.

Nma iniciativa da Professora Rute Cruz a Música brotou, especialmente, das palavras de José Régio, Eugénio de Andrade, Vinicius de Moraes, entre outros poetas, declamados por Professores desta Escola que se empenharam, profundamente, para levar a efeito este espectáculo.
Uma surpresa, sem dúvida, esta dádiva oferecida à comunidade juntando a literatura e a música, numa alusão também a outras artes, permitindo uma comunicação e diferente fruição estética.
O objecto artístico, estético é um produto social e é bom que os nossos jovens se revejam nesta sociedade!