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terça-feira, 5 de junho de 2007

pareSeres da terra

pareSeres da terra Junho 2007

14 Junho

15 horas - Conferência (Biblioteca Municipal)
As Raízes do Folclore Português: Uma Visão Etnomusicológica
Oradora: Vanessa Mateus

16,30horas - Conferência (Biblioteca Municipal)
Os Cordofones Portugueses
Orador: António Pacheco

21,30 horas - Concerto (Auditório Municipal)
Grupo Druidas - Música Tradicional Portuguesa


15 Junho

16, 00 horas - Conferência (Biblioteca Municipal)
Do Choupal até à Lpa: O Elemento Popular na Música de José Afonso
Orador: António Pacheco

21,30 horas - Concerto (Auditório Municipal)
A Obra Musical de José Afonso Reinventada

Coro de Pais do CVS; Corus ACML; Orquestra B do CVS; Orquestra de Sopros do CVS; Tuna do Lençol.

O projecto pareSeres da terra pretende ser uma proposta de revitalização da Música Tradicional/Popular Portuguesa - ocupando um lugar de destaque na Escola de Música - devolvendo-lhe a dignidade de outrora e apelando à consciência de todos para a necessidade da sua preservação e institucionalização.
A riqueza do folclore português, a música da tradição oral, as tradições e os costumes de um povo, justificam uma intervenção no sentido profundo de identificação, preservação e divulgação para as gerações vindouras. Por outro lado, pretende ser uma afirmação e singularidade de um Projecto de Escola apontando caminhos concretos de uma nova tipologia musical inserida na comunidade socio-cultural.
Os instrumentos tradicionais, nomeadamente os cordofones portugueses, alguns deles caídos no esquecimento, esperam a devolução de uma nova consciência, de um papel novamente activo na vida das comunidades de outrora e de hoje; outros, sentenciam uma morte anunciada… mas continuam como testemunho duma realidade de vidas feitas de alegrias e tristezas dos grandes dias de festa ou do simples e duro dia a dia.
Como reflexo de uma sociedade rural, hoje, em absoluta transformação, estes instrumentos constituem autenticas obras de arte etnológicas dignas de constarem no museu…no museu da vida onde continuem a dedilhar histórias e onde os jovens, num mundo cada vez mais globalizado, multicultural, cresçam em consonância com as suas referências e identidades culturais.
Neste território culturalmente abrangido pela Península Ibérica confluíram vários povos e várias culturas que até ao século XVI se influenciam mutuamente, conservando particularidades que lhe são próprias e criando, dessa forma, aspectos muito ricos, nomeadamente na música e nos seus instrumentos musicais. Estas influências são hoje referências inequívocas de um mundo multicultural que deve ser preservado e respeitado sob pena de se perder parte da identidade de um povo.
Se por um se evidencia a riqueza histórica e cultural da Música e dos instrumentos populares, por outro lado, pareSeres da terra reflecte, também, uma certa preocupação pelo desleixo a que têm sido votados pela Tutela.
Num passado recente, mais concretamente a partir da década de 70 do século anterior, por influência de um movimento geral de recuperação dos elementos tradicionais e nacionais mais significativos – para o qual contribuiu trabalhos como «Cavaquinho» (1981), «Braguesa» (1983), «O meu Bandolim» (1992), de Júlio Pereira, entre outros – a Viola Braguesa, o Cavaquinho, o Bandolim e outros instrumentos da nossa identidade cultural começaram a integrar novos grupos musicais urbanos representando o exemplo vivo de uma antiga forma renovada. Contudo, passado o ênfase, a apoteose do momento, voltou-se a cair na negligência, no esquecimento, quiçá na morte anunciada, por culpa de todos, certamente, mas muito por culpa das políticas culturais dos sucessivos governos, ou melhor, pela falta delas.
Claro que falar de pareSeres da terra é, obrigatoriamente, falar de José Afonso da sua vida, das suas experiências e vivências, da sua relação com a música da tradição oral e o seu papel de referencial despertador de consciências colectivas e de sensibilidades: o seu contributo no que concerne à abertura de novas perspectivas para a evolução da chamada Música Popular Portuguesa. José Afonso foi a fonte de inspiração e de alargamento de expressões da Música Popular Portuguesa.
Hoje, num mundo multicultural atravessando sucessivas e rápidas mudanças, é minha opinião que a reinvenção socio-cultural da Música Popular Portuguesa e dos seus instrumentos deverá passar pela Escola, na sala de aula, aproveitando a interdisciplinaridade e a transversalidade da música para a sua revitalização e integração da sociedade, toda a sociedade, de ontem e de hoje… porque é preciso pensar amanhã!


António Pacheco

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