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quinta-feira, 21 de junho de 2007

A propósito dos pareSeres da terra

Faz precisamente hoje uma semana que se iniciou a apresentação do projecto orientado para a divulgação da Música Popular Portuguesa: pareSeres da terra, actividade organizada pelo Conservatório do Vale do Sousa. Esta actividade seria com certeza mais uma não fosse segundo o meu entender, modesto entender, um projecto algo inovador, coisa que não é comum acontecer numa Escola de Música desta natureza, confinada que está a uma determinada tipologia musical enraizada num passado secular. Ora, pareSers da terra atreve-se a apontar novos caminhos tipológicos para esta Escola de Música e ao mesmo tempo não descuida de forma alguma, bem pelo contrário, o nosso património da tradição oral, pretendendo identificá-lo, preservá-lo e divulgá-lo para as novas gerações. É preciso que os jovens se identifiquem com a nossa cultura popular, de tradição oral, ainda mais que, num mundo multicultural, as diferenças devem ser assumidas contribuindo desta forma para a identificação e consequente respeito dos diferentes povos. Só assim é que seremos, também, todos iguais.
Os pareSeres da terra teriam o seu epílogo na sexta-feira à noite, no Concerto Final, precisamente no passado dia 15 de Junho. Aqui, merece-me referência tudo que aconteceu, porque reflecte o espírito orientador do nosso Projecto Educativo. É verdade que por vezes sinto que o Projecto Educativo é um documento de gaveta, mas penso que se tivermos presente os pareSeres da terra, facilmente poderemos inverter esta sensação. Vejamos: o que caracterizou o projecto pareSeres da terra foi a unidade conferida ao mesmo. Não estou a falar da unidade temática em torno do Concerto: José Afonso. Não! Esta só por si conferia-lhe unidade sem dúvida, mas a unidade que estou a falar ultrapassa a mera temática para se centrar na unidade de trabalho. Na verdade, se analisarmos bem, toda a Escola se fundiu em torno do projecto, e é precisamente aqui que se encontra a tal UNIDADE que estou a falar. Foi a Escola no seu amplo sentido que se encontra divulgado no nosso Projecto Educativo: «A Escola Por Fora», «A Escola Por Dentro» e «Por Dentro da Escola». Sim, porque toda a gente trabalhou para uma causa comum. Ninguém ficou de fora: foram os alunos e professores dos diversos instrumentos e classes de conjunto, foi a disciplina de História da Música, foi a disciplina de Análise e Técnicas de Composição, possibilitando desta forma a audição de, no fundo, trabalhos académicos realizados pelos alunos. Mas juntou-se o útil ao agradável. De facto havia um rio imenso com os seus diversos afluentes num papel obrigatório para o sentido de escola: transversalidade. Claro está que este quadro só estaria concluído com um papel, também defendido no Projecto Educativo, determinante dos Pais e Encarregados de Educação. E este foi também, no meu entender, um ponto alto desta actividade, não só pela participação dos Pais como «artistas», mas também pelo papel relevante que ocuparam na preparação e elaboração da actividade. Tudo isto conferiu ao projecto um ar único que, sinceramente, ao longo dos anos que lecciono nesta Escola, nunca encontrei… mas vou voltar a encontrar!

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