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domingo, 31 de dezembro de 2006

Oppidum

Não podia deixar passar, aqui, em claro o lançamento da revista Oppidum numa edição (muito bem graficamente) da Câmara Municipal de Lousada, apresentada no passado dia 29 de Dezembro na Biblioteca Municipal. Merece, obviamente, uma menção honrosa, muitos parabéns e votos de muito sucesso e longevidade. É uma revista que se prende com a Arqueologia, a História e o Património, sensibilizando para a importância das coisas do passado numa combinação premente de compreender o presente, sob pena de comprometer o futuro.
É precisamente aqui, no contexto do futuro, que faço alusão à revista interligando-a com o nosso projecto de escola. É verdade que a questão do património é um vector (política educativa) que atravessa o nosso Projecto Educativo; património musical no nosso caso, mas não deixa de ser património e história. Com certeza que a nossa região também é rica neste âmbito e quem sabe no próximo número da revista possamos ver incluído algum artigo a focar a música que aqui se fazia, se fez… ou se faz.
A ideia de preservar o nosso legado musical da tradição oral (âmbito nacional), de criar a nossa identidade de escola no contexto regional, é com certeza património, assim como a história do Conservatório do Vale do Sousa deve ser encarada e reconhecida sob o ponto de vista de valor de intervenção social e cultural e consequentemente património da nossa região. Através da nossa identidade cultural, das nossas raízes, da «razão genuína» como dizia José Afonso, queremos fazer desta escola um símbolo de sucesso com base na nossa portugalidade. É rico o nosso legado da tradição oral e deve-se através dele implementar políticas socio-culturais que o preserve e divulgue para as gerações vindouras, por forma a não perder a nossa identidade cultural neste mundo cada vez mais globalizado e em constante mudança.
O grupo Concentus Allavarium deu um toque neste âmbito recriando e divulgando música da época renascentista que se encontra compilada nos nossos Cancioneiros e fez o elo de ligação entre a revista e o património musical português.
Refira-se que num passado recente, mais concretamente a partir da década de 70 do século anterior, por influência de um movimento geral de recuperação dos elementos tradicionais e nacionais mais significativos - para o qual contribuiu trabalhos como «Cavaquinho» (1981), «Braguesa» (1983), «O meu Bandolim» (1992), de Júlio Pereira, entre outros - a Viola Braguesa, o Cavaquinho, o Bandolim e outros instrumentos da nossa identidade cultural começaram a integrar novos grupos musicais urbanos representando o exemplo vivo de uma antiga forma renovada. Contudo, passado a ênfase, a apoteose do momento, voltou-se a cair na negligência, no esquecimento, quiçá na morte anunciada, por culpa de todos, certamente, mas muito por culpa das políticas culturais dos sucessivos governos, ou melhor, pela falta delas.
Hoje, num mundo multicultural atravessando sucessivas e rápidas mudanças, é nossa opinião que a reinvenção socio-cultural destes instrumentos deverá passar pela escola, na sala de aula, aproveitando a interdisciplinaridade da música para a sua revitalização e integração da sociedade, toda a sociedade, de ontem e de hoje… porque é preciso pensar amanhã!

1 comentário:

nandacml disse...

Olá.
também quero aqui deixar uma mensagem a toda a equipa que elaborou a revista Oppidum. No entanto, também concordo com o nosso amigo Prof. António,é pena que não tenham incluído o nosso património cultural e histórico que é tão vasto.
Quanto ao Grupo Concentus Allavarium, foi uma boa opção, este grupo veio-nos deliciar com a sua música renscentista. Bem Hajam.